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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Essência

"ce ne sont pas mes gestes que j'escris; c'est moi, c'est mon essence.
Ora, há só um modo de escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal." Dom Casmurro de Machado de Assis

Olhos de ressaca

"Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do Céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios [...]" Dom Casmurro, de Machado de Assis

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Pecado

Eu suguei tudo. Talvez não tenha sobrado nada. Foi tudo de melhor.
Já eu........................ não dei nada em troca. Que pecado ser sanguessuga.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Cócegas

" Esta sarna de escrever, quando pega aos cinquenta anos, não despega mais. Na mocidade é possível curar-se um homem dela (...) Sorriu, e continuando a procurar num livro aberto a hora em que tinha de cantar no dia seguinte, confessou-me que não fizera mais versos depois de ordenado. Foram cócegas da mocidade; coçou-se, passou, estava bom"  Dom Casmurro, de Machado de Assis

Ainda não cinquentenei, mas já sinto que a sarna me pegou. Mas devo confessar que até gosto. Queridas cócegas, podem ficar.

Monomania

Fomos amados sem testemunha.
Não Há nada que possa provar tudo que se fez.

Uma despedida, uma palavra de carinho.
Tudo excluído.
Às vezes duvido se foi real.
Se tudo é de minha rica imaginação.
Ela sempre me confundiu, por que não agora?

As palavras mais lindas.
Nada salvo.
Você devia ser real.
Não tenho nenhum álibi, se não memórias e o próprio Deus.
Mas este não haveria de ser ouvido, as pessoas não lhe dão crédito.
Incorretamente.

Agora parece muito distante...























Como se nunca tivesse acontecido.
Parece surreal: Todas as pautas, parágrafos e pontos, os quais nunca tive parte na autoria.
Todos contos de um romance de livraria.

Dizem que tudo que se pode perder, nunca lhe pertenceu.
Pois então,  agora além de invenção, ainda por cima nunca foi minha propriedade? Oras!

Logo, fico por aqui mesmo...Remoendo, revisando, e fazendo até acréscimos: situações e diálogos que nunca aconteceram (e talvez nunca haverão).
Procurando não deixar as memórias morrerem, por não terem registros.
Porém nisso fica a dor.
Sabe, fazer isso sozinha é bem difícil.
Poderia simplesmente enterrar tudo.
Mas promessa é promessa.
Será que a incerteza de reciprocidade do outro acordante, me isenta de pagamento de acordo? É independente?

Perdi meus melhores amigos. Agora tenho só a Deus.
Pra Ele vão todas minhas confissões e gritos calados.
É o que me permite ainda a sanidade de atos.

Não queria mais sobre, escrever. Mas parece que enquanto não grito gramaticalmente, os pensamentos não calam. Então, monomania persistente.

10/09